"Eu canto em português errado. Acho que o imperfeito não participa do passado" (R.R)

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5 de junho de 2011

Vô não vô

Depois de muito é com enorme satisfação que posto aqui um texto da Joyce Ramos Araújo - aluna do 3º período de engenharia elétrica na UFMA, amiga querida - que contribui pela primeira vez com o blog falando a respeito de um assunto muito pertinente e atual, com o qual sem dúvida você que agora lê este parágrafo de apresentação, como provável assíduo usuário de redes sociais já se deparou várias vezes. Ótima leitura! o/


As palavras que seguem são todas dela. (Ressalva: Além de exímia dissertadora ela é modesta. Vocês vão ver que este primeiro parágrafo é canja)

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Antes de qualquer coisa, gostaria de pedir para que você (leitor) faça vista grossa aos tons de oralidade, as palavras populares utilizadas e as possíveis virgulas e acentos ortográficos “engulidos” no texto abaixo. O ultimo texto que escrevi foi a redação do Enem 2009 e só tive a audácia de escrever novamente porque precisava exprimir minha contrariedade a essa onda corrente de comodismo virtual. Peço que entendam que a discussão iniciada aqui é complexa e que abordei apenas uma parcela ínfima dessa discussão. Boa leitura!


não vô
É sabido e já foi diversas vezes discutido que o advento da internet e principalmente das redes sociais trouxe consigo a banalização da utilização de algumas palavras e seus significados. Posso citar como exemplos os famosos, “eu te amo” e o “feliz aniversário fulano”. Esses são exemplos mais imediatos quando se fala em banalização nas redes sociais. Mas, eis que surge agora, em meio ao caos “político-moral-social-infra-estrutural” que nosso estado enfrenta, mais um caso para a lista das banalizações: criações de eventos de manifestações contra o governo no facebook e twitter. Aposto que você já recebeu o convite para alguma, não é mesmo?Seja contra castelo ou até mesmo contra o governo federal. E é justamente na resposta que você concede ao convite e naquilo que é postado nos murais desse eventos que evidencia-se a banalização.
Responder sim a esses eventos significa (pelo menos teoricamente) que o cidadão está se comprometendo a de fato sair do conforto de sua casa para participar da manifestação no horário e local marcado, portando cartazes ou materiais criativos combinados na organização. Mas será que isso acontece?Ao ler as postagens publicadas nos murais tenho a impressão de que a maioria das pessoas que confirmam o convite do evento não tem essa consciência. Dessa forma, mobilizações via facebook/twitter acabam se tornando mais uma forma cômoda e inútil de reclamar. É fácil reclamar nos ônibus, nas paradas e entre os conhecidos... Mais fácil ainda é confirmar presença em um evento abstrato ou publicar uma tag quando se está no twitter. Difícil é tornar essas idéias concretas.
Mas isso não significa que os protestos iniciados via redes sociais estão fadados ao fracasso. Pelo contrário, apenas deveríamos saber utilizar a popularidade das redes sociais ao nosso favor. Um movimento de protesto ou qualquer mobilização popular desejada, para ser efetivo pode até começar na internet, mas somente torna-se real se tiver a adesão da população em geral(e que diga-se de passagem não está no facebook e muito menos no twitter). Como exemplo notório, posso citar os 20 milhões de votos recebidos pela candidata a presidência Marina Silva. A candidata tinha pouco espaço de divulgação nos veículos de comunicação. Então, a campanha começou e se fortaleceu na internet, mas se tivesse ficado restrita a esse meio, a candidata não alcançaria essa totalidade de votos(visto que a candidata possuía menos de 1 milhão de seguidores no twitter, por exemplo). Então, de onde surgiram os 20 milhões de votos? Na era da internet o boca-boca ainda acaba sendo a forma mais efetiva de mobilização popular (eu, por exemplo, convenci umas 10 tias a votarem na Marina). Portanto, por si só as mobilizações via internet não se sustentam. A criação desses eventos deveria servir para unir pessoas com o sentimento de inconformismo e com espírito revolucionário, mas realistas sem parecerem membros sonhadores utópicos do PSTU. Nesse ponto, o facebook é uma boa “ferramenta de busca” para encontrar essas pessoas e fomentar a semente do protesto/manifestação/mobilização.
Porém, além de toda essa consciência citada acima, para que as manifestações finalmente saíssem da telinha e se transformassem de fato em um grito popular, acredito que os usuários deveriam aplicar o significado literal de uma palavra bem conhecida, denominada: foco!!. As discussões nesses eventos deveriam ser objetivas e responder aos seguintes questionamentos: “o que queremos? o que faremos? quando faremos?”. Acho que utilizar esses grupos para exclamar xingamentos ao prefeito/governador/presidente desvia o objetivo do grupo e acaba caindo novamente no “reclamar é fácil”. Todos sabem dos problemas que enfrentamos. Cabe agora discutir o que podemos fazer de fato para resolver esses problemas. Aí, como bem entende o prefeito João Castelo, o buraco é mais embaixo.
Bem, se você tiver chegado até essa linha do texto, espero que pense bem no significado e na importância dos “sim” que anda distribuindo por aí. E espero mais ainda que o espírito de PROATIVIDADE se espalhe por nós jovens para que consigamos acabar com a ficha suja de marasmo e comodismo que a nossa geração atual carrega consigo para que finalmente esses protestos organizados na internet sejam concretizados.
(Joyce Araújo)

Um comentário:

  1. dando uma fuçada na net axei o teu blog e adorei, ótimas abordagens de temas bem bacanas ^^. parabéns. se tiver tempo dá uma olhada no meu blog também, www.clubeinsoniaslz.blogspot.com

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